VOGAL
Na
Justiça do Trabalho, até 1999, além do juiz concursado e de carreira, havia
juízes leigos, em todos os graus de jurisdição. Por isso, as atuais Varas
denominavam-se Juntas de Conciliação e Julgamento. Esses juízes
leigos denominavam-se vogais. Na Constituição Federal de 1988, eles passaram a
ser denominados juízes classistas. Então, ficaram muito contentes, porque,
segundo pensavam, igualaram-se aos juízes de carreira. Isso mais se consolidava,
na medida em que a imprensa, muitas vezes mal informada, quando tratava de um
classista dizia simplesmente juiz do trabalho. Então, eles se aborreciam quando
alguém os chamava de vogais.
Numa
audiência em Belo Horizonte, depois de uma longa discussão sobre um acordo
muito difícil, um classista se desentendeu com um advogado e ambos ficaram
muito nervosos, necessitando de minha interferência para que a discussão não
terminasse em briga. O acordo saiu, mas o advogado ainda estava muito bravo.
Ao
sair da sala, lançou um olhar raivoso para o classista e disse, bem alto, como
um xingamento: SEU VOGAL!
Todos
riram e o advogado acabou por rir também, descontraindo o ambiente.
Tempos estranhos aqueles. O juiz classista nem precisava ser bacharel em direito e, sua decisão, tinha o mesmo peso da do juiz concursado, de carreira. Trem de doido!
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